3.4.25

Telhados de vidro

Das pistolas puídas falam os párias. 

O sol posto sobre as entradas

um embaraço aos estetas

como um campo minado 

por ferramentas amolecidas;

já nisso andam os pastores

desde a alvorada anterior à própria alvorada

o pecaminoso joelho em cima da luz ríspida. 

 

Depois

entram os cavalos desempossados

consomem a saliva irada de quem foi abandonado

impunemente desbaratando a liberdade herdada. 

 

São tantos os contos

que se atropelam na tela do pensamento;

não chega todo o vocabulário

nem a medida do tempo parece combinar

e a trovoada como pano de fundo

mistura-se com o rumor do fino fio de água

que é ainda véspera de um rio. 

 

Avançam

sobrepostos a uma meada de nuvens

os braços frenéticos que falam de segredos;

avançam

reféns da sua ordem meteórica de acasos

e nós

desde a plateia

esboçamos um coro esforçado

não escondemos o olhar seráfico

que se antecipa ao sono tutelar. 

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