9.4.25

Manifesto contra os contratempos

Podemos dar nomes a vulcões

ou apenas ficar à espera do luar

enquanto afastamos o crepúsculo

com as costas das mãos.

 

Podemos assentar os olhos no devir

amassando os verbos até serem pródigos

e cortejar os jacarandás

até que se tornem nossa bandeira oficial.

 

Podemos desejar os versos por fazer

sermos arquitetos da poesia sem estribo

ou apenas darmos a voz colossal

ao palco onde se emancipa a fala.

 

Podemos fugir da noite fria

empunhando as mãos enlaçadas

que fruem no hino magistral

enquanto vemos os dias em roda-livre.

 

Podemos ouvir o rumor das rugas

o silencioso penhor que não recusamos

e estender os passos ao tamanho do mundo

no calendário sem regras que levamos nas mãos.

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