27.5.25

Esdruxulamente

Os dias sem chapéu

são como os dedos com ferida

lambidos por limões exasperados. 

Defumados os seus ossos

não fica à mostra sequer a silhueta:

os dias 

foram consumidos até ao magna

seu será um futuro arquiva

no hemisfério sem arestas 

que paira sobre fantasmas hediondos. 

 

Não são altivas 

as noites que se despedem dos déspotas

a bem do sono ensaiam o esconjuro

das palavras amaldiçoadas;

não fujo

nem finjo

as folhas quase caducas

não tarda

atapetam o chão

como se os pés cansados de tanto chão

precisassem de levitar numa cama-sepultura. 

Os demónios ficam à porta

a minha polícia avessa aos costumes

deixou-os de fora

num diligente perímetro à prova de intrusos. 

 

A mealha que desadultera a manhã

filigrana de ouro puro

a quadrar com a minha incorrigível impureza. 

Se não fossem os paradoxos

este lugar 

já era insuportável há muito mais tempo.

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