Os dias sem chapéu
são como os dedos com ferida
lambidos por limões exasperados.
Defumados os seus ossos
não fica à mostra sequer a silhueta:
os dias
foram consumidos até ao magna
seu será um futuro arquiva
no hemisfério sem arestas
que paira sobre fantasmas hediondos.
Não são altivas
as noites que se despedem dos déspotas
a bem do sono ensaiam o esconjuro
das palavras amaldiçoadas;
não fujo
nem finjo
as folhas quase caducas
não tarda
atapetam o chão
como se os pés cansados de tanto chão
precisassem de levitar numa cama-sepultura.
Os demónios ficam à porta
a minha polícia avessa aos costumes
deixou-os de fora
num diligente perímetro à prova de intrusos.
A mealha que desadultera a manhã
filigrana de ouro puro
a quadrar com a minha incorrigível impureza.
Se não fossem os paradoxos
este lugar
já era insuportável há muito mais tempo.
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