As mãos a ferro
tiram do fogo a fala telúrica
como se nelas habitasse
a lava exuberante.
Sem o medo do tempo
as fragas em convulsão estremecem
a pele açambarcada à noite densa
e todas as preces que se estimam
escondem do dia as mentiras puídas.
Falamos como as árvores
a sua pele que nasce com rugas
estaciona nos apeadeiros vagos
e contemplamos os vasos que latejam
nas estrofes que sobem a rua
as estrofes cúmplices da lua.
Somos estes corpos sem amarras
o sono crepuscular que recusa adamastores
tribunal supremo que ilude os usos
e do mar retiramos a gramática
nos despojos de uma maré esfíngica.
Pedem-nos para sermos tutores
de ventos sem paradeiro
e emprestamos os dedos
como astrolábios que os conduzem.
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