No fino engodo da justiça
onde se desembaraçam os teares enquistados
soluçam pesares contra loas sem destino
e à mesa dos rudimentares desejos
tomam lugar
os figurantes apessoados a ouro.
Desmanchados
os prazeres restringidos
por enfurecidos tutores dos costumes
sobram as bocas sem freio
já não se escondem contumazes
encantadas
com as figuras de estilo que dispensam máscara
numa tonitruante coreografia à prova de regras
exatamente
como os comensais que se agigantam
num miradouro cercado pelos ventos
que apenas sabem murmurar
palavras outrora proscritas.
Anos à frente
em frente da melancolia
prosperam desenfreados ofensores de costumes
na antítese todavia simétrica
dos zeladores que mal disfarçam
os constantes torniquetes que beijam
também
o ardor do proibido.
Esta é a mesa proverbial
o espetáculo corrosivo dos opostos
síndicos de uma coisa e do seu contrário
abraçados na voracidade das restrições
dos verbos amputados por condições intermináveis
os abomináveis míopes que não se reconhecem
quando um espelho
propositadamente desembaciado
lhes conta por que linhagem se contam
à conta do sangue em que de enredam.
Sem comentários:
Enviar um comentário