23.9.25

Manifesto contra a senilidade

O século 

atirou sal de mais 

para o sangue 

num telúrico bocejo 

contra a inadmissibilidade da espécie. 

O século a seguir, 

desconfiado,

abriu concurso: 

deu folga 

ao excruciante pesar 

das almas passadas 

como se por elas suplicasse 

uma estirpe de confiança. 

O mérito não esconjurou 

o sangue ainda puído 

e a espécie insiste 

no suicídio como tal, 

o exemplar desexemplo 

do logrado pelo século paciente. 

Dele

não se diga 

ser anátema dos tempos, 

ou que seja diligente 

no acerto de contas 

com a espécie deslustrada: 

 

os votos falam pelas pessoas 

e o século assiste 

nos bastidores 

às urdiduras da loucura em movimento. 

 

São os votos a elegia fatal 

a que vão sendo somados 

episódios do desorgulho, 

da espécie que não merece 

as outorgas da biologia

nem a usura dos pontos de exclamação.

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