O osso cruel
a faca que fica por dentro
a fogueira onde decaem as flores
o entardecer arrastado
a lava diuturna, a abrandar
o abecedário confusamente colonizado
a matriz celta num teatro crepuscular
a matéria funda que se funda num estertor
a demência dividia por dois e meio
o embaixador itinerante que perdeu a fala
o muito polido sequestro do silêncio
o deve e o haver e o zero como saldo
a enseada brusca
a escrita impessoal e vagamente solar
um bouquet de beijos sortidos para descomprimir
a espada estiolada a desenhar fantasmas
as ferramentas perdidas indulgência da ferrugem
a véspera adivinhada com um olhar capataz
as armas desengonçadas
e os Rambos de taverna
a matéria-tia arrefecida a gelo avulso
o equinócio sem paradeiro
a estrela masculina
o charlatão aperaltado
o fugitivo sem cais à espera
a sobremesa sem haver mesa
a conta desenfreada
o xerife condenado à orfandade
o pequenote que não é um rapazote
a tinta da tina
e a China suína
a estatura tingida de tatuagens
a estátua tomada por tiranos ambulantes
e uma volta ao mundo
uma dúzia de desejos desembainhados
a congelação não vaga da existência.
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