Se um dia
vier um vento omisso
e do avesso a cabeça fruir num precipício
não me digam
que é uma conspiração de Morfeu
não me digam
que estou de avanço pelo fuso telúrico
e de mim se espera
apenas
a morada do silêncio.
Se um dia
as portas decadentes combinarem
com os veios da luz contrafeita
e eu
aos deuses continuar sem dizer palavra
que me sejam abraçadas as bocas extáticas
a irremediável porção da noite
desencomendada aos anjos galopantes
e num arremedo de audácia
a mim
convoquem as estrofes ajardinadas
o penhor de todos os medos
e eu
via láctea sem muros
me torne baldio não cadastrado
o amador profissional
que dá de penhor o sangue eflúvio
e uma prateleira de versos.
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