27.9.25

Fogo exposto

Adio a boca amordaçada

o vento fala nos interstícios da pele

e o crepúsculo demora-se 

no avesso da alma. 

 

As improváveis sílabas 

mastigadas no tempo tartamudeado

colhem a manhã pela raiz

sob o olhar indigente do mundo atávico. 

 

Sobem a palco os irrisórios mastins

desarmadamente nus

iludidos num império despojado

para serem sindicados pelas almas impuras. 

 

Os mecenas falam sem embaraço

deles é a proposta de indulgência

à medida da sensata negação da vingança

como exemplo para os que suplicam redenção. 

 

A impermanência dos destroços do passado 

é a mnemónica para memória futura

o logro seria o olvido célere

a confusão entre perdão e redenção.

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