O que se compra
com uma boca cheia de palavras?
Foi assim
em pose sarcástica
cheia de moléculas de certeza imponderável
que amanheceu a conversa
como se fosse preciso
acordar sem aviso prévio
e os ouvidos
a que se destinava a boca sem travão
estivessem obrigados a ocuparem essa posição.
Um logro bastante.
Tomaram a palavra os ouvidos desafiados
desta vez sua uma pose
a desobediente pose
cultora de impaciência com as frivolidades atávicas.
Não queriam ser o caudal
por onde entrava
a gongórica prestação de inutilidades.
Infelizmente
as preces de uns sobrepõem-se
ao silêncio dos que
impassíveis
fogem do centro do palco.
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