Deitei
ao mar o peito aberto
onde
o sal mais crestava
e
julguei ser o dono das nuvens.
Abri
as palavras encerradas
aquelas
que dantes foram guardadas
em
cofres de bronze sem chave.
Deitei-as
à boca
e
logo um frémito tomou conta das veias
enquanto
o entardecer era diferido.
Foi
quando as estrelas acenderam o céu
e
eu fiquei a saber de cor
a
miríade de beijos-nutriente.
Pedi
aos tutores das estrelas
que
as palavras dantes ecoadas
me
fossem devolvidas.
Queria
tê-las a dar cor aos lábios
queria
enfeitar a boca com as palavras
já
então reaprendidas.
Depois
da alvorada,
foi-me
prometido em voz solene,
depois
da alvorada seria seu mestre.
Pela
noite fora
tresmalharam
os véus desprendidos
ao
vento de leste que trazia o calor.
Pela
noite fora
enquanto
o sono decaía na insónia
e
as estrelas não me deixaram ermo.
Na
alvorada luminosa
esperei
que os tutores das estrelas
depositassem
as palavras aparelhadas.
Esperei
e esperei
e
a promessa apareceu com a maresia
depondo
as palavras no meu colo.
Agora
sou marinheiro saciado
detendo
os olhos (dantes marejados)
no
parapeito das palavras miríficas.
Agora
sou o cofre forte das palavras
e
sequei o peito fechado
no
santuário dos mais belos céus.