Resgatado
o fio de prumo
aos
escombros da cidade,
tomámos
a manhã nas mãos.
Metemos
as cores desembaciadas
enfeitada
a manhã
com
as palavras vasculares
e
os doces gestos no rosto.
Desautorizámos
as
pedras pontiagudas
os
lastros pesados
as
guias de conduta vetustas
os
rumores entoados por almas invisíveis
as
preces vazias ditas no adro
os
dados mostrando números quadrados.
Em
sua vez
demos
alfândega
ao
vermelho carregado com suor
às
flores campestres selando formosura
aos
bolsos cheios de uma água de estio
aos
braços que não se cansam de amplexos
aos
beijos não enjeitados de lábios carnudos
ao
mar vadio que temos entre as mãos.
O
fio de prumo,
já
fiel tutor da simetria dos sentidos,
desalinhou
os vieses pela proa
precatando
o temor sensato
entre
duas mãos cheias de impudor.
Tirámos
à sorte o esteio aprumado:
soubemos
de um fado singular
povoado
por olhos marejados
de
tão telúricos pés arrojados
num
santuário com pérgulas de ouro.
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