7.4.16

Carrossel

Anestesiei o corpo.
Anestesiei o pensamento.
Dei-lhe três doses
(e das reforçadas)
de indiferença às desandas do mundo.
Prefiro que o mundo lá fora
seja uma exterioridade
um corpo forasteiro.
Nesta forma de hibernação
seguro as pétalas dos malmequeres
na curvatura das mãos.
Deixo-me guiar até ao mar
respiro a sua convulsão infinita.
Faço minha força
a dos hélices do avião de grande porte.
Respiro.
Respiro, devagar.
A noite não se demora.
Pode ser que consiga anestesiar
o tempo.

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