Os ossos não cansados,
cais que esconde tempestades
e os sussurros sem medo
libertam-se dos estorvos mundanos.
A obliteração da noite desarvorada
amplifica a coragem
um certo devir adivinhado.
Sorvo o dia em talhadas generosas
sabendo que outros, muitos
se servem
no porfiar dos amanhãs que esperam.
Não:
não
tenho pressa
nem deixo que a pressa me sitie
contra paredes exíguas
refém
de uma vontade fina
refém
dos trágicos oráculos
orquestrados em mãos viperinas.
Chego-me à
orla do rio
onde o denso nevoeiro cicia impropérios
contra
a promessa de um dia soalheiro
e pergunto às sereias submersas
se estou próximo de saber onde desagua o rio
se estou próximo de algum conhecimento
capaz.
Só
ouço o vagaroso rumorejar da água
em sua descendente transição,
enquanto um troar indistinto
insinua que os olhos vendados
talvez
não
sejam má ideia.
Fico sem perceber nada.
Arranho o sal agarrado às mãos
só
para ver
se
ele desenha palavras sábias em seu rasto.
A pele limpa
imaculadamente até sem rugas
pressagia alguma claridade.
Não
parece.
No palco
apenas a cortina fechada
o chão
vazio
e a penumbra que torna tudo
indistinto.