A corrosão irrisória
pequena vírgula de ferrugem
e todo o pensamento decepado
por dentro da artéria centrípeta,
o seu foro estroncado sem vigilância.
 
Os cometas passavam 
à janela dos dedos.
 
Passavam, sem falas angustiadas,
que não havia freguesia para lamentações
 
(ali não havia adoradores dos National
ou dos Cigarettes After Sex).
 
A tinta acabada de passar estava fresca
e ninguém se lembrou de advertir os passeantes:
 
“atenção, tinta fresca”
 
talvez por preverem 
que uns estroinas noturnos
afocinhados num irredentismo lisérgico
treslessem a frase
trocassem o género 
e procurassem sorver a tinta do choco 
(deveras psicadélico). 
 
Não se falasse de silêncio
aos faladores em barda:
distintos desarrumadores de assuntos
saltarilhando de um para o outro
sem pontes a reparar os abismos:
 
nunca tinham sede.
 
Deles não se falava de corrosão:
eram os maratonistas da palavra
povoando-a com uso gongórico,
autênticos arrastadores de temas em elipse,
ou em eclipse
(não se chegava a compreender,
ao certo).