Sobre o rio
as asas abertas
compõem o sonho.
Os braços amarrados
adiam o cais
no provérbio ínfimo
que adormece a penumbra.
Sente-se o coaxar
sob a atalaia dos nenúfares:
pela tarde
o hálito do diabo
será uma tortura,
ninguém aguenta.
Os lugares são metamorfoses
telas abertas aos olhares mudados
pelo sortilégio do tempo dúplice
(tempo-tempo e tempo-clima).
Amarramos o olhar
a um mastro à prova de divindades
e compomos
com a diligência dos apóstatas
um hino pária que se esconde do escrutínio.