3.8.20

Dia de bala

Hoje é dia de bala

(devo somar 

ponto de interrogação).

Dia de bala

em palco onde se movem

vultos exacerbados

que levitam na exacerbação

contra a exacerbação que detestam.

E outro critério não lhe praz

se não

terçar com as mesmas armas,

como se fosse de boa linhagem

a sua exacerbação

contra a exacerbação que detestam.

Dia de bala

ao sentir a pulsão

de submeter

os exacerbados de todas as extrações

à experiência que os motiva.

Ou então,

melhor seria deixá-los

exacerbados contra exacerbados

numa peleja autofágica

sacrificando-se mutuamente

num pútrido teatro

onde o sangue derramado

tingido viria com o odor fétido

dos visionários que não enjeitariam

desenhar o futuro pelo pêndulo do passado.

Hoje é dia de bala.

Mas não sou eu que as trago

no coldre em mim vazio.

 

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