21.8.20

Sobra de esforço

Arranquem-me o sal do tempo

façam cornucópias em vez de versos

abundem o dia com os rostos sibilinos

e encomendem

ao tempo pretérito

o peito pétreo onde se dissolve a angústia. 

 

Tragam à manhã as sílabas uivadas

no dorso de violinos fantasmas

e digam,

digam, 

como se não houvesse nada mais por dizer,

que não são precisos mastros

nem obeliscos matriciais

ou demónios em vão de escada 

para avivar a cal deitada nas cicatrizes. 

 

Pois da dor

cultiva-se

em forma de memória futura

a dieta em que medra 

o perene tirocínio. 

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