13.8.20

O dote dos demenciais

A arenga sem paradeiro

no improviso mosto pactuado

contra as invetivas

contra 

os servos da contenda. 

Contavam-se espingardas

 

(diziam 

estultamente 

os exegetas de batalhas

como se não fosse humana 

a carne devorada 

em combate);

 

não se faz a conta

aos muitos litros de sangue

que podiam ser eflúvio de corações,

ou às certidões derradeiras 

friamente lavradas,

ou aos lugares que foram

rasas campas anónimas,

ou às homenagens sem nomes. 

Não me convençam

que da humanidade 

fica um legado mirífico:

quem transforma 

diferença em desopinião

divergência em dissidência

preconceito em intolerância

desarmonia em obus

merece 

o opróbrio 

como selo para a posteridade. 

Não me digam

que os predicados 

brandidos pelos antropocêntricos

se traduzem em armas terçadas 

– não me digam

que superior é esta espécie 

entre as demais,

paradigmática escultura do luzimento,

os seus componentes:

estilistas do belo

artesãos do admirável

lídimos poetas de estrofes arrebatadas

cultores da fina sensibilidade

artistas que sagram a vida

e temem a morte. 

Não me digam

que a História vive 

escondida nas suas sombras.

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