Com o mosto,
a filigrana de mim,
um inventário em falta:
aqueles inquéritos em moda
(dizem-se estivais
como se a época tola
precisasse de notários)
convocam as interiores peregrinações
que não tropecem no medo
ou na mentira.
E talvez o medo
seja o avesso da mentira
e os dois ilustram um binómio
(contudo, pouco reconhecido).
Uma história
depressa se transfigura
em estória
e das vozes estroinas
ecoam palavras apenas lúgubres
ou a simulação das palavras intuídas.
Cobram-se as folhas caducas
no pressentimento do Outono
(convém avivar a memória:
o Outono despoja o Verão);
à época tola
arruma-se no demais restolho
e as fantasias
as elucubrações de que se compõem
os fingimentos
ficam sem apeadeiro.
É nesta altura
que se vindimam as cepas
antes que caramelizem
e os frutos se esqueçam na podridão.
(E, todavia,
as colheitas tardias
apuram a doçura.)
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