Os versos pagãos
não têm escolta.
As suas mãos almiscaradas
não se arruínam na doca da noite.
Acotovelam-se os disfarçados
como se a sua dança fosse ardil.
Os versos pagãos
escondem-se no crepúsculo.
Ditam as sílabas
para o túmulo onde descansam
as vozes mutiladas.
Não precisam de regresso:
a eternidade da véspera
cuidou de os emoldurar
nas árvores marmoreadas.
Os versos pagãos
são a voz flagrante
conjeturada no ermo onde falam
os silêncios.
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