Os moinhos adestrados
ensaiam o vento.
No vale
um rumorejo
denúncia o rio
ainda infante.
A manhã adolescente
aprende com o sol
no compasso
das árvores que esbracejam.
O silêncio campestre
povoa o planalto.
O corpo ascende
como se tomasse conta
do horizonte.
Não fala:
o silêncio estrutural
embebido
como idioma.
Um avião
corta o céu
como se fosse uma vírgula
tartamudeada na paisagem.
A urze irrompe
pressentindo o outono.
O olhar fixa-se nas cumeadas
como se estivesse à espera
de miradouros.
No cruzamento
três caminhos oferecem-se
como hipóteses.
A um canto,
discretamente,
umas alminhas apascentam
um bouquet
enquanto as velas exibem
à exaustão do combustível.
Ninguém diria
que tão ermo lugar
é curadoria de uma alma dispensada.
Há vezes
em que o exílio se convoca
imperativo
no desmentido dos contos idílicos
industriados pela cidade.
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