2.9.21

Exílio 3.0

Os moinhos adestrados

ensaiam o vento. 

No vale

um rumorejo

denúncia o rio

ainda infante. 

A manhã adolescente

aprende com o sol

no compasso 

das árvores que esbracejam. 

O silêncio campestre

povoa o planalto. 

O corpo ascende

como se tomasse conta

do horizonte. 

Não fala:

o silêncio estrutural

embebido

como idioma. 

Um avião

corta o céu

como se fosse uma vírgula

tartamudeada na paisagem.

A urze irrompe

pressentindo o outono. 

O olhar fixa-se nas cumeadas

como se estivesse à espera

de miradouros. 

No cruzamento

três caminhos oferecem-se

como hipóteses. 

A um canto,

discretamente,

umas alminhas apascentam 

um bouquet

enquanto as velas exibem

à exaustão do combustível. 

Ninguém diria

que tão ermo lugar

é curadoria de uma alma dispensada. 

Há vezes

em que o exílio se convoca

imperativo

no desmentido dos contos idílicos

industriados pela cidade. 

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