24.9.21

Certidão de amador

Olho 

por dentro do olhar

as cordilheiras amparadas no corpo

e arrumo a pele glacial no corrimão do dia. 

Olho

para dentro do olhar

a macieza dos livros fartos

e da foz onde as palavras se fundem no fogo

trago as cortinas desalojadas

as janelas pendendo sobre a matriz da manhã. 

Olho

depois do olhar

e encerro nas arestas gastas

o aprumo do passado. 

Olho 

por cima do olhar

por não ciciar segredos ao vento de atalaia

e caminho a esmo

sem temer os vultos perenes que esbracejam

no lugar mais ermo de todos. 

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