Espero que a subida arrefeça
e dos ossos seja credor
para anotar
a mudez acertada.
Não são as mãos gastas
à espera de vez;
a alvorada é apenas um pressentimento
aprisionada pela ainda insistente noite
alfandegada pelas transfigurações
procuradas no cálice da noite.
Não sou entrega no abismo sem aviso
não imagino a leveza do ar
ao perderem chão os pés;
assinto na fragilidade de mim
maior ainda
pela atalaia herdada
de tanto querer ser feito
de matéria arnaz.
Levo o arnês
no espelho da recusa
de ser mais do que aspeto
e numa coreografia sem roteiro
desenho no chão o mapa sem destino
a contumácia
que se desfaz nos gramas tirados
à serrania.
Pois queremos ser encorpados
como o granito da serra
achamos que ser encorpado
é passaporte capaz
e devedores aos mecenas das fragilidades
não ficamos.
Junto nos dedos o que colhi do rosto
fragmentos insondáveis
ou apenas o suor cristalizado
a matéria exangue de um corpo sem medo
improvável marinheiro sem ir a bordo
o sono venal esbracejando à boca de cena
e os olhares
todos involuntariamente intrusos
espiando as dores em direto
recolhendo as lágrimas hirsutas
para delas fazer o promitente vinho néctar.
O dardo fica sozinho
no parapeito do desconhecido
não vinha com assinatura de autor.
Tudo se combina com a modéstia dos meios
e a sede do invisível.
Tudo avança no sentido algures
na retaguarda da linhagem do tempo em espera.
Para desta lava sermos retrato
enquanto se espera
que vença o prazo de validade
e a lava junte os poros na pele arrefecida
em juramentos que não se mutilam
em palavras meãs
que ajudam ao silêncio.
Não é desta solidão que me acompanho.
Não é de uma prisão sem lugar
que desajeito o rosto.
Antes que seja o medo
acerto as horas
do desejo.
Eis-me aqui
total
sem disfarces
com a sede sempre diferente
da tua boca.