As pedras que se arrastam
escondidas sob a boca
sobem ao teto baço da tarde
enquanto o tempo foge
com vagar
adulterando as sílabas conspiradas.
Lá fora há gente que passa.
Indiferente
terçando a mesma indiferença
que fora véspera minha.
Os toros de madeira alinhados
pressagiam o inverno
ou coutadas de predadores mal tecidos
antes de arrancarem para as serranias
em temporadas de atavismo cercado.
A trela do remoçado canto
continua apertada.
À vez
mastins e presas trocam créditos
e ensinam os alinhavos do armistício.
Em vez de linguagem,
onomatopeias céleres e distintas,
um truísmo de cores coléricas,
preenchem as páginas onde reside a fala.
À vez
sem saberem por mote próprio
dos deslimites da loucura
– das fragas de onde se despenha
a alucinação grupal –
emprestam seus corpos frágeis
ao fogo em que se incensam.
Tarde de mais
deram conta do ocorrido.
Já não vão a tempo
de olhar por si
como lobos de si mesmos.
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