25.5.22

Pesca transfigurada em amor

(Mutilando “Sigamos o cherne”, de Alexandre O’Neill) 

Sigamos o cherne, minha amiga!

Desçamos ao fundo do desejo

atrás de muito mais que a fantasia

e aceitemos, até, do cherne um beijo,

senão já com amor, com alegria...

 

Em cada um de nós circula o cherne,

quase sempre mentido e olvidado.

Em água silenciosa de passado

circula o cherne: traído

peixe recalcado...

 

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,

já morto, boiar ao lume de água,

nos olhos rasos de água,

quando, mentido o cherne a vida inteira,

não somos mais que solidão e mágoa...

Sem comentários: