23.1.23

A seita e a coutada

As bocas famintas

bebem na ira da matilha. 

Não conhecem o perdão. 

Avançam,

destemidas,

no concurso da intransigência territorial. 

No territorial 

disfarçado de ideias

na parlamentar farsa da transigência. 

Na hora H

arregimentam o arsenal 

abocanham os tísicos pleiteantes 

na irredutível cerca de onde não têm fuga. 

Sem direito a contraditório

sem direito a julgamento

sem direito

a não ser a (sua) arbitrária lei de seita. 

A matilha

ostenta nas suas bocas saciadas

o sangue ainda morno das vítimas;

os mastins 

passeiam as barbas tingidas pelo sangue exaurido

dos que ousaram habitar outro mental lugar. 

Passeiam toda esta ostentação

na pose de triunfais algozes

ufanos no cercear da dissidência

funcionários diligentes da perdurável doutrina 

com simultânea exibição

para memória futura 

e aviso

aos candidatos dissidentes

do desfado que os espera

se insistirem ser

o que deles 

não se espera 

que sejam. 

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