As costas das mãos
passeiam-se pelas vírgulas,
depostas em lugares ermos
como se fossem
as árvores distantes que ensinam
a gramática da vida
um torpedo desarmado
vocação diligente em ábacos erodidos.
Alguém diz
de uma paisagem em passagem
no disforme lugar do comboio
à janela:
esta
é a terra queimada
o torpor que desarma a vontade
uma tela áspera
onde os verbos se trocam por luares
e as velhas não insistem na viuvez.
Mas esta
não é
afinal
a terra queimada:
é um gotejar insistente à boca da manhã
promessa sem notário ou procurador
a aldeia com cheiro a lareira
ou o tojo cansado de tanta geada
inerte
a pedir
uma terra alagadiça.
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