31.5.23

Alvoroço em gema

O alvoroço armadilha o convés

onde distraídas se congeminam as marés. 

As nuvens que desenham o céu

participam na quimera dos contumazes:

se os dedos chegassem às nuvens

conseguiam tatuá-las. 

No fundo poucos são assim

escondidos no seu labirinto

só eles conhecedores 

das meadas em que se entretecem

sem ambições de desanonimato. 

O alvoroço 

é o hino em que se amparam

ciosos de serem maiores 

do que o espelho que os retrata

na improfícua demência de julgarem

que as suas vidas 

são um teatro com audiência.

#2799

Espelhos fraturados

como se só houvesse 

retratos fragmentados

e não se falasse de inteireza.

Injustiças indocumentadas (113)

Compro gato por lebre

e que belo negócio.

 

[Mandamento do ailurófilo]

30.5.23

Metanol e Camões

Assim como o metanol:

sabia o poeta

(“o fogo que arde sem se ver”)

que havia o metanol 

– se quando o vate assim poemizou

ainda o metanol não tinha passado

no crivo das invenções.

 

Camões

foi muito à frente do seu tempo

(não é costumeira loa):

adivinhou

que o metanol seria inventado.

#2798

Quantas mentiras

foram ontem?

29.5.23

Ética republicana ao pequeno-almoço

Rega-se a mentira

com o mosto da injúria

somam-se 

umas lágrimas vadias

e fingimento q.b. 

Armadilha-se o dia 

com as esporas do medo

enquanto 

as sacerdotisas da hipocrisia

escrituram a feição avessa

e gritam

a seu favor

a verdade que não admite oposição. 

Mete-se o preparado no forno dos arnaldos

e o cronometro vai ao zero

só à espera de maturar

sob os auspícios da confraria inteira

que serve em bandeja o solilóquio dos pares

que se prometem sinecuras recíprocas

e ostentam o estandarte do monopólio 

sem não olvidarem a bandeira que vestem,

embaixadores incontestáveis 

só merecedores de encómios e genuflexões

ou não fossem

em plena vaia ao que dizem representar

juízes em causa própria,

aqueles mesmos que enchem a boca

com a palhuda massa folhada 

da ética republicana. 

#2797

Não se escondem

os rostos desembaraçados:

não precisam de golpes de Estado.

28.5.23

#2796

Em liça

a efervescência da pele

contra a agonia dos bastardos.

27.5.23

#2795

Se o rastilho ferver

e à ebulição me abraçar

os olhos vendados sabem a ler.

Injustiças indocumentadas (112)

Em suma,

o sumo

(sem pontífice).

26.5.23

Vozes-sombra

Não são as vozes que ecoam nas veias

capatazes de sismos cardíacos

de lamas que enobrecem a poluição

de bocas património de mau hálito

de granadas conspirativas 

que adormecem no travesseiro

do sangue desabilitado que esmorece

da cabeça que mergulha no chão decrépito.

As vozes

que ecoam nas veias

são o desdobramento da alma

os sucessivos alambiques que destilam estados

e atiram

para a boca de cena

a fragilidade infatigável

o desejo de ser apenas

o mais anónimo desejo 

entre os párias.

#2794

O arroz malandro

maroto

tão a jeito

de donzelas de prazeres 

omissos.

25.5.23

Ar condicionado

O xisto debruado na boca

ajeita as palavras

parecem:

estrofes;

ou um candeeiro todavia fundido

à espera de vez

no fundo do mar

sem lá ter sido encontrado

por naufrágio.

 

A boca naufraga

trémula

desajeitada

diz umas palavras desastradas

antes que na noite decrete

o silêncio

e os ardinas da luminescência arvorem

o princípio geral do universo

e a sua incontestabilidade.

 

Os rebeldes sobem à cena

tomando conta da noite

prometendo demoras

e algum vinho

jurando oposição às incontestáveis coisas

assim encenadas. 

 

As vozes disfarçadas de colibri

coonestam os penhascos que vomitam água

mesmo no auge do cachão

e em baixo o tremor contínuo

ensurdecedor

embacia as falas que ousam.

 

É melhor assim

(alvitra o visitante)

o silêncio traduz a melhor fala.  

E pensou

o que seria de um corpo em queda livre

sem arnês

à mercê do turbilhão tempestuoso

o que seria do corpo se não fosse despedaçado.

 

Um pouco à frente

mesmo depois da fina bruma 

dissipada num arco-íris

o leito amansa numa lagoa que se alarga

e as margens pedem cais 

para os destroços do cachão.

 

Mumificado

o musgo-testemunha

empresta um lugar acetinado aos visitantes.

 

Entardece.

enquanto o silvo das aves tardias

se mistura com o rumor já distante do cachão.

A boca insiste em palavras metálicas

como se fosse preciso desenjoar 

e um dia aprazível estivesse adulterado

pelo cansaço dos excessos.

 

As vozes tardias

as que foram paridas para desmanchar prazeres

começam a arrastar o oxigénio

para a falésia onde está o sono.

Tiraram a vez

aos demónios que esbracejam a farda

enquanto juram acertar contas com o futuro.

Injustiças indocumentadas (111)

Desmancha os prazeres

antes 

que os prazeres retaliem.

#2793

A tábua de salvação,

puída,

a via verde

para o precipício.

24.5.23

Pavilhão dos despertos

A genealogia da fantasia

morde na orelha do velho marinheiro.

A modista urticariamente conservadora

só arrota se estiver sozinha.

O gato maroto espreita a fêvera a descongelar

à espera de se substituir a uma humana boca.

Os circos nunca estiveram vazios.

Às medas, 

a indigência trata da toponímia do lugar.

Se ao menos lavado estivesse o lagar

não era de uvas que seriam mentidas as pernas

possivelmente

de maratonistas magros correrndo contra o mosto

à medida que os contrabandistas assobiavam

para o lado

e de lado andassem os desmerecidos foliões

arrastando a aderência malsã 

com os dentes de fora.

Combinam-se duelos de estrofes:

um atira 

a angústia perene

que se consome no pavilhão geral dos gelados

e o outro contrapõe

com a maresia que se levanta na biblioteca

sem que os estetas protestem contra a manhã.

A impressão

é que está tudo embriagado 

ou apenas louco

e ninguém sabe

se pior é estar louco ou ser embriagado.

Injustiças indocumentadas (110)

Se a mão é morta

não pode ir bater

a nenhuma porta.

#2792

Conta os quilómetros

nessa conta incerta

antes que os quilómetros

deem conta de ti.

23.5.23

#2791

Tanta pressa

em saber do futuro

é um oráculo

que se mata a si próprio.

Injustiças indocumentadas (109)

Quem está à espera 

da sorte

num jogo de azar?

22.5.23

Às velas

As velas

ardem a angústia

incendeiam os dias por haver.

Exilados

damos as mãos às árvores

e lemos no mar a mare de outrora

o esquecimento armadilhado.

Somos as velas

o mar, os nossos corpos

e deste fogo amamentamos tempestades.

No conhecimento do belo

que não se intimida com as palavras

não fica refém das indulgências

amordaçado nas lágrimas vertigem.

Pelas velas

aquecemos os corpos

no império da noite fria

e no sangue combustível

sermos escultores do dia sem prazo.

Aquecemos as mortalhas que embaciam a nudez.

Aquecemos as estrofes que sobem à boca 

e no miradouro da manhã

tecemos as profecias derrotadas

o véu único que nos cobre

e reserva a nudez

para nós.

E nós

com as velas que tremeluzem

sob o saque de um luar colonizador

dizemos ao vinho de que somos feitos

estas armaduras tão frágeis

estilhaços que fortalecem os corpos.

#2790

Foi por este triz

que o petiz

não se cruzou

com a meretriz.

21.5.23

#2789

Os filamentos da pele fecham-se 

urdem o seu esconderijo.

Lá fora, o mundo;

exterior 

(agressor).

20.5.23

#2788

Tornam-se insubmissas as páginas

um dicionário de desobediência.

19.5.23

6:53 am

Acorda a matilha

a água estilhaçada

deita-se sobre o silêncio

e os redimidos assobiam a manhã

exorcizando os paradeiros assombrados. 

 

A matilha

entediada pelo torpor da manhã

estremunha as lágrimas herdadas dos sonhos

no preparativo para a infâmia que é sua perícia. 

 

Os redimidos

esqueceram-se de esconjurar

um a um

os que coabitam a matilha.

#2787

Acredito no céu 

para efeitos meteorológicos e astronómicos.

#2786

Indemnize-se o presente

por danos causados 

pelo futuro.

18.5.23

Respaldo dos ruminantes

Rosnam as rosas na arruaça

os risos roçam os rouxinóis

e são as raízes reptícias 

que arruam os rapazes ruins.

Que arrotam

tão remíveis por rebeldia

por receberem dos irresponsáveis

o raspanete por não rosnarem.

Já as regras ficaram rasas

e à rasca 

roeram o resto da razão.

#2785

Os paióis

que merecem Óscares

são os que guardam flores.

17.5.23

Injustiças indocumentadas (108)

Por vir

o

porvir.

Aposta

As vidas todas 

outra vez. 

 

O nevoeiro em erupção

a manhã sem sentinela

de vez. 

 

O colibri imerso na tarde

subindo às costas do vento

de cada vez. 

 

O troco do oráculo

sem troça das mãos

mal seja a vez. 

 

A meda da fala

desembaraçada do silêncio

sem vez. 

 

O obstinado pesar

culpando o dia de sombras

com vez. 

 

A granada embainhada

e o peso gracioso da cortina puída

à vez. 

 

As flores expropriadas de odor

sobre aviões amortalhados

talvez. 

 

O poema embarcado

empresta sal ao angustiado mar

só desta vez. 

 

A sina que procura orfandade

no vagar do entardecer sincopado

em que seja vez. 

 

O sonho afeiçoado na tempestade

colhendo as pétalas maduras

uma vez. 

Injustiças indocumentadas (107)

O testa-de-ferro

é o que dá

o peito às balas.

#2784

As estrelas marejam 

uma convulsão vulcânica,

o antídoto contra os eclipses.

16.5.23

Trova

Atiro o rosto

contra a conspiração. 

Não será em mim

legítimo o medo

ainda 

que o medo morda fundo

e deixe a pele lívida

mergulhada em anestesia. 

Atiro ao medo

as munições angariadas

sirvo-me da intrepidez

e convoco o sangue para a rebelião. 

Antes que o medo se componha

e como se de uma maré viva 

me condene à hibernação,

ou à obediência. 

#2783

Estilhaços

são a herança

do futuro.

Injustiças indocumentadas (106)

O que são 

os anéis

sem 

os dedos?

15.5.23

Garimpeiro

O arco que vai da alvorada ao acaso

entra pela pele sem ser cicatriz

convoca as ondas que se levantam na nortada

e canta os diademas 

desenhados pelos dedos incansáveis. 

Habilitam-se 

os caos embutidos em azulejos diáfanos

mostram-se as coisas pelo seu avesso

proclamam-se as insolências 

que são o aval dos párias

e num golpe de asa

antes que o amanhã seja apenas outra véspera

amotina-se o espírito irrefreável

contra as muralhas que se encandeiam pela manhã

quando sobre elas sobe o sol vulcânico

e o corpo dá tudo de si 

ao dia anunciado. 

Tudo não se incendeia 

se não na perecível promessa que se encena

e as farsas continuam a cheirar 

o cu do amanhã. 

Composição

Túnel.

Fundo do túnel.

Ao fundo do túnel.

Luz ao fundo do túnel.

Luz ao fundo.

Ao fundo.

Luz.

#2782

Coroação da primavera:

a cintilação de flores

que avivam as árvores.

14.5.23

O viveiro dos gongóricos

Mastigadas as palavras

um bolo alimentar indigesto:

se houvesse por pleitos

as batalhas navais feitas de provérbios

só os indigentes estariam à altura

de campeonatos.

Mas as mastigadas palavras

pareciam

frenéticos embaixadores

em estado lisérgico

nos seus jogos escondidos

inconfessáveis:

palavras mastigadas

eram cuspidas como perdigotos

e os anátemas da gaguez caíam

como água fervente a derreter o gelo:

uma mastigada,

dizia-se,

e não era loa tributada

aos escansões das palavras

assim amarrotadas e gongóricas.

#2781

Da meada 

que se doba 

sem estafa

o labirinto.

13.5.23

#2780

Foi com este petróleo

que ateaste a candeia

e soubeste ser o que eras 

antes de te saberes em estilhaços.

12.5.23

Ouvistão & achaguistão

De repente

uma plateia de eruditos

dos que tudo sabem

cientistas eméritos

na posse de oráculos prestigiantes

reduzindo catedráticos a aprendizes

transfigurando o verbo achar

que se acha confundido

com os achamentos como opinião.

Um incómodo

neste ouvistão

cheio de achistas.

#2779

Toda esta mostarda

os bancos de nevoeiro

e os inspetores de costumes

e não se discorre a sua serventia.

11.5.23

Pele noturna

Da centelha que esmaece

o crepitar que mantém acesa

a pele nutriente.

 

O mosto aviva-se

na pessoa da noite,

os sonhos não têm propriedade;

 

são rebeldes

têm vida própria

e nós, 

o seu acaso,

deixamo-nos ser

seus peões.

#2778

Is the right

or the left

my bare foot?

#2777

Afrouxa

a frouxa

e as invetivas

ficam órfãs.

10.5.23

Grainhas

Entardece

o olhar do dia

a pele ganha as rugas

seladas pelo crepúsculo. 

O pai conta historietas ao filho

espera que o trate infantilmente

agora que é infante;

o pai espera

quando for avó

e a decadência tomar conta

do calendário

ter a deferência do tratamento 

infantil:

dizem

que às cinzas somos devolvidos. 

O entardecer

é a longa véspera

da noite em que se investe

a decadência. 

Entre manhã e noite

(a noite que não acaba na manhã renovada)

a longa estrada que se atravessa

com os nomes tatuados

os lugares em inventário

as bocas suadas com o silêncio

a promessa de completude 

(possível).

#2776

Elevado o murmúrio a gramática

o silêncio não morava longe.

9.5.23

Exceções às regras

Tirando 

os tiranetes fracassados

não se tange esta terra pelo tratado

da tirania.

 

Tirando 

os truculentos tribunos

que tributam com o troar da sua tábua

os que se destronam da sua tutela

não se timoneira esta terra 

pelo túmulo troçado.

 

Tirando

os tergiversantes que titubeiam e titubeiam

não se tarda esta terra

em testas-de-ferro.

 

Tirando

os tirocínios que tabelam a tabuada do tempo

não tende esta terra

para catecúmenos de meia-tigela.

#2775

A chuva barrenta estende o dia

para o precipício do desânimo.

8.5.23

Oráculo

Ontem 

roubei do cofre

as farsas que hão de ser 

amanhã. 

E hoje

sei um pouco mais

do tanto que não gostei de ser

enquanto embaixador 

do tempo por haver. 

Amanhã

se ainda for a tempo

serei o mecenas das juras 

e do passo estreito em que se adiam

para memória futura

as mentiras desembainhadas 

ontem. 

Injustiças indocumentadas (105)

Da cepa torta

também se cativa

boa casta.

#2774

Datas

como véus

que enfeitiçam 

o sangue.

7.5.23

#2773

Já não havia bilhetes

o poço das angústias

estava sobredotado.

 

[Miragem]

6.5.23

#2772

As parcelas

todas somadas

conspiram a extorsão.

5.5.23

Injustiças indocumentadas (104)

De ginjeira 

– conheço-te de ginjeira,

advertiu com higiénica distância,

sem saber sequer

onde morava

a ginjeira.

#2771

Não te apoquentes.

Esse é 

um assunto cadente.

Injustiças indocumentadas (103)

E para quem 

não gosta de mel

pode ser lua 

(eu sei lá)

de coentros.

Injustiças indocumentadas (102)

Todos temos

onde cair

mortos.

#2770

Não ateies as labaredas

se não queres que o fogo 

seja teu combustível.

4.5.23

Da intransigência

O eco do luar

sem as arestas 

do olhar freado

combina o bramido

do verbo crepuscular.

Não são as matilhas

errantes no conduto da noite

autoras dos males sendeiros:

são os pés dos meãos

transbordando do seu vagar

agigantados

farsas que se entranham

nas veias açambarcadas

viperinas desde então.

#2769

Corres atrás

das palavras furtivas,

o teu esgrima pessoal.

3.5.23

Manifesto contra a farsa

Como se o hálito do coiote amanhecesse

por dentro dos ossos 

e até o nevoeiro enraizado se calasse

ao pressentir a trovoada que se hasteia,

a suspensão do dia adiada até data conveniente. 

Se houvesse um feixe de sílabas escondidas

o coiote acordado toda a noite

de atalaia

a fingir o sono 

dos que suas vítimas não querem ser

fugindo dos punhais alardeados pelo coiote

enquanto a maré inteira não se torna

apenas sobrevivência. 

E fogem

do dia

dos dias consecutivos

por todos serem iguais

da fala

da imodéstia

das juras atiradas sobre o passado

de um lugar que seja pertença

de um lugar qualquer

em que consigam ser outro eu

à falta de saberem estar vestidos

nos deslimites em que se terçam. 

Por não ser do coiote

essa culpa 

tatuada. 

#2768

Satélite em si

uma máscara que cai

na omissão do pudor.

 

[Genealogia de uma crise política]

2.5.23

Fogo cruzado

Da boca

trapézios em murmúrios alpinistas

uma corda gasta quase a romper-se

mesmo sobre o precipício

faróis avinhados sem pontuação

olhos apontando aos jardins desarranjados

elipses encantatórias sob efeito de morangos

um punhado de lava decadente

a grandeza também decadente

e a saudade

suada

do silêncio.

#2767

Não teve tempo

para ser jovem

e luta 

com a obstinação das suas forças

para não ser velho.

1.5.23

Ralhetes

Eram ralhetes a mais

e a menina suava como se a sua infância

soasse a infância outra vez

muito embora pressentisse 

que da infância sobravam 

só umas memórias que não queria

avivadas.

Podia ser que esses ralhetes fossem devidos

e ela teimasse numa loucura de espírito

que era como um retardador do tempo 

– vinha mesmo a jeito

se já estivesse na idade madura

e o envelhecimento começasse a doer.

Não era o caso:

a menina ainda se considerava menina

e não era só porque a tratavam tantas vezes

por menina

vá-se lá saber se por deferência

ou apenas simpatia

ou por uma mal disfarçada misoginia

que se vestira do avesso,

tão farsante.

Os ralhetes eram sempre a mais,

ajuizou a menina

que não queria ser a vítima predileta dos ralhetes

e preferia que quem os pronuncia 

se abstivesse da incumbência.

Também não é menos verdade

que os ralhetes não são encomendados

por a quem eles se destinam

e que há quem tenha o incómodo de os pronunciar,

empreitada que deve ser inominável

pois ela nunca emitiu um ralhete

e adivinha que seria tremendo incómodo fazê-lo.

O mal dos ralhetes

é de quem não tem razão. 

#2766

O fio da indiferença,

teia que se emaranha

na carne que ralha.

Injustiças indocumentadas (101)

O rei vai nu

e por isso

ninguém é monárquico.