As vozes urdem o silêncio medonho
espreitam pelos poros das laranjas
como se por eles inventassem escotilhas
e condenassem o mar a ser um cais.
O silêncio já não é medonho
ao concorrerem as vozes gongóricas
um certame impraticável
onde todos falam
uns em cima dos outros
outros por cima de outros mais
num emaranhado de palavras demencial.
O silêncio é medicinal
quando deixa de ser medonho
e os mecenas
desfraldam os seus melhores tapetes
para receberem a gramática do silêncio.
O silêncio
recebeu o prémio Nobel
da igualdade.
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