Deste dar à corda,
a roda dentada que porfia
nos dias seguidos
a visionária sabedoria de viver.
Os tribunais andam distraídos
e as ruas incendeiam-se
com as vozes cansadas
em motins de despensamento.
As manhãs são como úberes.
As vozes ainda em murmúrio
com medo de se revelarem
estremunhadas
expiam os pressentimentos
cifrados nos pesadelos.
De cada vez que chove
deito as mãos para sentir as gotas
acolho a chuva no cabelo desprotegido
e vejo
em cada gota que entardece em meu rosto
um oráculo que se escreve a tinta-da-china.
De cada vez que chove
sou eu
essa precipitação ousada
vertida sobre o adro sem curadoria.
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