18.7.23

Neopantagruélico

Levamos os remos ao rosto furtivo.

As arcadas desacertam a baunilha do dia.

Atemorizados

os abutres fogem da carne vivaz

o sangue retesado engana-os por mal:

estamos a salvo.

 

Fala-se de vingança

de brio e de destemperança

dos bolos artesanais que avivam a lembrança

sem ser sempre esta usança.

 

Os cardeais não são apenas pontos.

Servem-se, sumos,

que matar a sede não se recusa.

 

Já a vagem do dia:

para ser espremida até ao magma

até ficar apenas a casca derruída

o farol que dispensa 

instrumentos de navegação.

 

Os remos não se escondem das mãos.

São o seu arnês

nas águas agitadas que fogem da gastronomia.

 

Lemos os remos

somos agiotas dos temperos

inventamos os compêndios

e agitamos os sentidos.

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