O basalto contorce-se com o suor da noite.
Desprende-se das faúlhas e povoa o vinhedo
e as pessoas
ao longe
confiam no desespero
atestam o desespero:
já pressentem as vozes periciais
já as pressentem
a atirar a semente do remanso póstumo:
o basalto
será o rosto físico
de um vulcão cansado
entretanto adormecido
e, arrefecido,
receberá em seus poros a quimera depois:
as sementeiras serão consagradas
num parapeito inóspito do mundo
onde as lágrimas se converteram em suor físico.
Tempos depois
já a lava ficara esquecida entre as folhas frondosas
os pecados ficaram por arrematar
(segundo os pobres anciãos
reféns do paganismo ancestral:
o vulcão tirado ao sono
é a vingança dos deuses enfurecidos):
a ira dos deuses sem nome conhecido
escolheu aquele lugar
a paisagem acrisolada nos novelos de basalto
nos cachos de lava tornada pedra
entre dentes de leão e acácias
entre os bagos das uvas milagrosas
e o vinho repatriado das balsas da lava estática.
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