29.9.23

Disco riscado

Veja-se como é

um disco riscado:

a iteração exaustiva

um gaguejar apoplético

o síndrome

do cão que corre atrás da cauda

a beleza extinta do silêncio ausente

uma teimosia que desassossega

os acrobatas públicos que se repetem

à exaustão

a matança da criatividade

sem pena a preceito.

O disco riscado

que vai e vem sem sair do sítio

miragem de um patíbulo fingido

e gente em forma de farsa

ou farsas ocupando o lugar de gente

e uma loucura incandescente

tomando conta do chão

subindo pelas paredes

ciciando no rosto desprevenido

colonizando as raízes onde se esteia

o pensamento

– o pensamento:

esgotado por dentro

um enorme vazio vacinado e contínuo

contra os outros.

O disco riscado

em surdina

com-pa-ssa-da-men-te

de três em três segundos

esvaindo a loucura.

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