É voz corrente
o mundo está arreliado.
Ele são dignos suseranos
que explicam terramotos
com as alterações do clima
outros que carregam
o estigma da pederastia
e por aí fora
numa procissão de conspirações
que levitam em forma de teoria
no mais profundo insulto
à teoria das teorias
uma boémia demencial
em que grotescos clérigos
escondem a inveja da boémia
e inadvertidos dignitários
bolçam uma espuma pútrida
que almeja disfarçar
um não saber.
Não
o mundo não está arreliado:
se estivesse
tinha de vomitar para dentro
a arreliação de si mesmo
como se desencavilhasse uma granada
para dentro do próprio bolso.
E se o palco for virado do avesso
depressa se intuí
que o mundo não pode estar arreliado
ao parir tão risíveis personagens.
O mundo
nisso é dileto
pródigo nos momentos circenses
e nas distrações com que nos habilita.
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