24.7.24

Garrafa ao mar

Sou

como uma garrafa 

possivelmente enjeitada e deitada ao mar

sem saber 

o paradeiro do marinheiro

sem saber

onde a garrafa foi rejeitada

sem saber

se a garrafa esconde no seu interior

enigmática ou não mensagem

ou apenas mensagem alguma.

 

Ou sou

como o marinheiro angustiado ou não

que enjeitou a garrafa

ou apenas a entregou nos braços do mar

por enfada com a rotina

ou, talvez,

porque a garrafa apenas fugiu das mãos

devido ao excesso de álcool.

 

Ou sou

como o anónimo que longe ou perto

alcançou a garrafa

e, vá-se lá saber,

ficou indiferente

ou a desalfandegou da estadia no mar

para saber

se escondia um segredo

ou um tesouro.

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