18.7.24

Tenho quantos minutos?

Tenho quantos minutos

para deixar que a boca

seja testa-de-ferro 

de meu sentir?

 

Os campos magnéticos 

magníficos

hipnotizam os olhares atestados

são como maestros à prova de bala,

caóticos,

empenhamos na desorganização de tudo

como se um furacão varresse as fronteiras

e sob os escombros 

se aproveitassem os destroços sem medo. 

 

Por cada maré

um copo de dia para tomar conta do cais

antes de as embarcações subirem ao mar

cheias de marinheiros contrariados

e de uma faina prometida pela oração do estuário,

ou o penhor que respira por dentro da pele.

 

As mulheres inteiras esperam

e não rezam

não rezam

para não chamar o azar. 

Confiam no sortilégio da maré

esperam do poema

o vencimento de todas as causas. 

 

Cheiram 

desde os quartos onde se consuma a solidão

a maresia distante

como se chamassem os maridos

e sob a penumbra 

silenciassem as dores da ausência. 

 

O contramestre gasta a voz

contra o mar tempestuoso. 

Não sabemos nada;

nada:

se fôssemos marinheiros

qual seria o mandamento da vida

se ao sair de casa

não soubéssemos

se a ela voltaríamos?

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