22.7.24

O erudito que não chama pelo juízo

Saltava os versos rudimentares:

era a patologia dos apóstatas

que a si convocam a erudição exibicionista

e catalogam os pertences 

segundo uma duvidosa hierarquia de preceitos. 

No final de contas

não colhiam juros dessa cacofonia

e nem a pose própria da pertença a uma elite

 

(que não passava disso mesmo,

uma pose)

 

era a boia de salvação da indiferença geral

 

(e da particular também).

 

Nem que usassem lantejoulas as suas palavras

ou viessem cobertas de um oportuno despesar, 

como se houvesse caução divina,

a onerosa condição do anonimato 

não estava em vias de extinção. 

A culpa 

– murmurava 

para acalmar os ânimos interiormente exaltados – 

era do espelho lá em casa

e de todos os outros 

conspirativamente espalhados pela cidade:

e eles se devia

a soberba de quem desdenhava do espelho puído

mas depressa o chamava como caução

da estatura tão desejada. 

Não fosse a cegueira da ambição

e a teimosia em ver o seu devido tamanho

e tanto sobreaquecimento do eu

estaria condenado a severa restrição do juízo. 

À sua falta

 

(de juízo)

 

e na falta de um caritativo juízo exterior

que o chamasse ao juízo

estava cada vez mais candidato

ao risível sentenciado pelos outros

que o poderiam chamar a juízo,

na persistente dilação da falta de juízo.

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