No estirador
dois êmbolos desengonçados
esperam a combustão.
Estão a par
e confirmam-se que são pares
e não é por serem em número par.
A ignição fará o milagre da química
quando o ronronar do engenho
vier alimentado pela fricção dos êmbolos.
É como uma peça composta para piano
os dedos do pianista
a percutirem as teclas do piano
enquanto os ouvidos extasiados dos ouvintes
encenam os labirintos onde se exilam:
a música
é a vacina de que precisam
como tantos outros
contribuintes líquidos
para a atmosférica poluição
a partir da fricção dos êmbolos,
imersos na combustão que os leva
de um lugar para o outro
e deste para a angústia
diligentemente anunciada
da decadência dos lugares onde vivemos.
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