8.7.24

Involuntário

Corta o mato:

os muros ladeados por urze

combinam os espinhos que ferem a boca:

não se costuram os dedos no céu da boca

o modo do medo amoeda-se no murcho dia

e as espadas são arrumadas na página pretérita.

 

Cortas o mato:

e depois de cotiado

o chão pedregoso à mostra

chora por um tapete

protesta contra a nudez.

 

Assim é com as coisas involuntárias 

– ou melhor dizendo: 

as coisas impostas à vontade;

 

a elas 

não aderem os modos fáceis

nem se espere que sejam tribunas

de altares sumptuosos e seguimento numeroso.

 

Se deixasses estar o mato 

não desautorizavas a natureza.

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