Corta o mato:
os muros ladeados por urze
combinam os espinhos que ferem a boca:
não se costuram os dedos no céu da boca
o modo do medo amoeda-se no murcho dia
e as espadas são arrumadas na página pretérita.
Cortas o mato:
e depois de cotiado
o chão pedregoso à mostra
chora por um tapete
protesta contra a nudez.
Assim é com as coisas involuntárias
– ou melhor dizendo:
as coisas impostas à vontade;
a elas
não aderem os modos fáceis
nem se espere que sejam tribunas
de altares sumptuosos e seguimento numeroso.
Se deixasses estar o mato
não desautorizavas a natureza.
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