Entretido
com o furor da personalidade
despromoveu
a chancela beatífica
que
aconselhava aos outros.
Mas
isso era nos outros
que
na sua elevada estatura
tudo
ganhava dimensão divina
(e
os deuses vogam acima dos beatos,
ao
que consta).
Pois
ele há gente que se acha divindade:
em
calhando a sorte toda
não
podia o predicado ausentar-se dele.
Achando-se
em tão alta consideração,
o
espelho onde a sua pessoa estava vertida
a
projetar retrato malsinado,
era
como se o mundo circundasse de volta de si.
Não
importava que os demais
dele
tivessem águas anónimas
nem
tinha relevância,
para
o caso,
que
as leis do universo desmentissem
o
falaz espelho por que se conduzia.
Era
o maestro das coisas todas
o
zeloso arquiteto da harmonia
ícone
de uma tribo urbana
patrono
do pensamento credor de aplauso
diplomata
nos conflitos assentados
sacerdote
pagão que domava as almas
ouvido,
lido e escutado
a-bun-dan-te-men-te.
Ou
era
tudo isto
(e
o mais que aprouvesse)
por
dentro de si mesmo
à
escala de uma grandeza acantonada
na
imensa pequenez que calha a cada um.
Dizia,
de
fonte segura
(que
começava e terminava na sua pessoa):
haveriam
de lhe erguer estátua.
Mas
só depois de finado.
Nunca
soube exceder
a
exiguidade de si.