14.3.16

A decadência

As folhas rasteiras
humedecidas pela noite fria
levitam ao primeiro vento matinal.
Sobra nas folhas o néctar deposto
por caídas dos ramos que foram seu regaço.
Ensaiam uma coreografia sem rumo
à medida dos golpes desembainhados
pelo vento.
Perdem-se umas das outras
enquanto o vento cicia seu almanaque tardio.
Hão de ser apenas vestígio
condenadas a matéria morta:
presas ao vidro de um carro
na ante-sola de um sapato
dissolvidas na vertigem do rio.
Condenadas aos dias escuros.
Os dias sem candeeiros possíveis
nem olhos com saber de olhar.

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