Deixa
a candeia hastear-se
deixa
o encantamento selar a janela
e
o torpor dos corpos num incenso ímpar.
Deixa
que o desejo seja imorredoiro
fonte
centrípeta onde se embebe o olhar
e
deixa soerguer a água clara da manhã.
Deixa
sufragar os ímpetos
deixa-os
fruir sem freio
deixa
para trás bisturi que os congemine.
Deixa
a alvorada ser a única juíza
deixa
a mão estendida ao meu suor
e
recolhe dele a seiva bastante.
Deixa
acolher em teu seio
a
fúria doce que ateia uma chama
amparando
os braços quentes e insaciáveis.
Deixa
pelo
meio das pétalas noturnas
colher
os néctares estouvados.
Deixa
as peias sobre as mãos
confere
o sal da vontade sem açaime
e
toma em ti o compêndio da volúpia.
Deixa
ser a inteireza que te sei
e
no regaço quente que é meu
faz-te
soberana de um reino singular.
Pois
que em deixando
deixar
tudo isto e o demais
deixamos
em nós mácula que é orgulho.
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