15.3.16

Árido

O perfume adulterado das roseiras
insinua-se nos poros abertos pelo suor.
Não fossem os espinhos carnudos
e as rosas seriam testemunho de uma divindade,
talvez
(talvez: a divindade).
Corro com as pernas exauridas
à altura da cratera do vulcão.
Na cumeada,
mesmo onde o precipício faz limite,
não há roseiras
e o odor está cingido à fedentina do enxofre
que vem das entranhas do vulcão.
À falta de flores
contento-me com o lugar altaneiro
feito promontório de mim
e perfume do meu suor.
Oxalá houvesse mais manhãs destas:
os aromas ferrugentos
a cristalizarem as lágrimas,
as de antanho e as prometidas.

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