As
costas das mãos
geram
seu centro gravitacional.
Viram-se
procuram
a sede que há nelas
e
delas pelas outras.
Deitam-se
no
entrelaçar quente dos dedos.
Desenham
seus desenhos
na
tela imaginada diante dos olhos.
Desenham
os desenhos
sucedâneos
das palavras;
desenham
palavras
na
impureza das mãos dadas
que
criam seu próprio amplexo.
Uma
mão procura os poros ávidos
um
descampado à procura de lhanura.
As
mãos deitadas nas outras
ciciam
segredos
sob
a luz desmaiada do candeeiro.
Contam
histórias sem atores
e
dão alimento aos desejos sem freio
e
metem-se na terra cheia de chuva
e
trazem à tona um coração fulgurante.
Sobrepostas
as
mãos
projetam
um feixe de luz sobre a cidade.
Deixam
no ar um perfume sem igual
enquanto
ao pescoço vêm em afagos
em
tirocínio do sono.
Sobrepostas
as
mãos
árvores-mestras
de um encanto
nos
dois dedos de conversa qualquer,
olhando
pelo fundo da garrafa
na
insaciável levitação dos corpos.
Dos
corpos que se aquecem
na
fogueira das mãos enlaçadas.
E
todos os dias
há
matéria abundante abraçada pelas mãos
que
se reensinam a ser esteios
das
paredes caiadas com o suor.
Sobrepostas
as
mãos
em
síntese dos corpos
e
em partição do sangue simultâneo.
As
mãos lavadas nas lágrimas.
As
mãos incansáveis.
As
mãos ternurentas.
As
mãos febris.
As
mãos noturnas.
As
mãos douradas.
As
mãos impacientes.
As
mãos nuas.
As
mãos cheias.
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