9.3.16

Sem embargo

Largas as avenidas no meu olhar
destravam beijos escondidos.
Dantes
(quando interessavam os mapas
e a esquadria romba ocupava lugar)
não tinha noção das bainhas da alma.
Não é que hoje tenha;
ao menos,
noto as bissetrizes dos brancos cartazes
que desenganam delusões.
Ao menos,
interiorizei as limitações sem remédio.
Compenso com o vinho antigo
e os paladares que escoiceiam.
Não me chegam os vapores do vinho
nem o cais seguro que se oferece às palavras;
mas
ao menos
já sei não cair nas astúcias
nas auroras boreais que são espelhos vazios
nos lagos sem água onde nadam peixes furtivos
no lugar do deslumbramento que se me acena.

Sei que a escada alta e sem retrocesso
vive paredes-meias com o precipício.
Hoje
coabitando com a terra rija
trago a mim a pele dura que ladeia os embargos.

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