Subia pela árvore
indomável
sem retiro outro que não fosse
o impecável estatuto de um lugar sobranceiro.
Preparava os instintos para apreciarem
os lugares subjacentes;
não por usura
não para a experiência cimeira
não queria comenda inerente
ou regalias bastantes para sinecura.
O que me motivava
era a tenção de saber
o que vê um pássaro em voo
à falta de capacidades para o efeito.
Dir-se-ia
uma visão de conjunto
para mais cobrir com o olhar.
Tentativa
(julgava que não vã)
de estender os campos abraçados pelo olhar
ou apenas a irreprimível pulsão
de outro olhar trazer ao olhar.
Fosse peixe em demoradas sabatinas pelos mares
era como se espreitasse no dorso das ondas
só para as conseguir ver do avesso.
A demora que levo congemina tais preparos:
as coisas como são,
são uma fonte que se esgota.
Dizem que é juízo impreparado:
que por dentro das coisas
de que julgamos ser incansáveis hermeneutas
se escondem sentidos sublimes
entrelinhas por acautelar
e tudo se reinventa
quando a folha está repleta de texto.
Concedo.
Sou,
todavia,
argonauta intrépido
que precisa de árvores outrora descamisadas
para deixar porfiar os sentidos avisados
os sentidos que não querem capitular.
Para deixar as mãos
cinzelar as formas das árvores
que a elas veem.
Pois há sempre
um avesso no céu da boca do pensamento,
de maior carestia
do que interstícios a haver por descoberta.