25.9.16

Sótão

Julgava que o peso do corpo
era preparo bastante
nos interstícios dos ramos arqueados.
Não sabia dos penhores das almas
dos humores sucedâneos
do outono pusilânime
das barcaças caducas no lodo do rio.
Não sabia que havia cores sem cortinas
ou palavras retiradas do exílio
ou suores sem o concurso de esforços.
Ele havia tantas coisas que não sabia
que nem tinha aproximada ideia
das coisas de que podia ter tirocínio.
Passava um pano limpo no retrovisor
de onde se aprumavam as memórias.
Não que tivessem préstimo as memórias;
queria que o espelho fosse varanda nítida
(e sobranceira)
sobre o cós do tempo que estava de véspera.
Não era para trazer um oráculo às minhas mãos,
que adivinhar o que se espera
é locupletar o tempo antes de tempo,
açambarcar conhecimento a destempo:
só queria um espelho desembaciado
para se abraçar
(descomprometido)
ao tempo que ainda era véspera
e dar caução ao muito que se viesse aninhar
nos anéis do saber.

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