29.9.16

Archote

Um archote de pavio lacónico
todavia aceso
por perto.
A penumbra açoita o olhar
e o archote aceso
arranja lugar.
Saber-se-iam as febres tantas
houvesse carência de luz
e o corpo medrasse no limbo.
Saber-se-iam dores tumulares
e a penumbra seria endemoninhada.
Saber-se-iam sabores ácidos a turvar a boca.
O archote do pavio lacónico
convoca de uma vontade
efémera e frágil que seja,
desmaiado seja o pavio.
Só uma centelha frugal
um módico clarão
travando o pé à penumbra.
A servidão maior
procede dos olhos voluntariamente vendados
acostumados à luz apartada.
Um archote
mesmo de lacónico estatuto
opera milagres de que deus nenhum é capaz.

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