5.9.16

Nomes

Digam os nomes com a lonjura de rosas
digam os nomes esconjurados
em noites desassossegadas
digam os nomes do avesso e sem águas-furtadas
digam,
principalmente,
os nomes proscritos
em maus hábitos sanitários depostos
nas mãos de tutores de tudo o resto.

Digam os nomes.

Digam nomes.

Digam.

Mas não parem de os dizer
em continuadas proclamações solenes
que o pronunciamento dos nomes
restitui a coutada da personalidade.
Digam os nomes todos
sem o temor reverencial perante uns nomes
nem a indiferença que adeja
sobre os nomes anónimos.
Deixem os nomes respirar por si
depois de os elevar a um púlpito sem lugar
e neles ditar a consagração dos nomes
dos nomes todos.
Pois se não somos só
nomes vertidos em documentos
somos, ao menos,
a garantia salada na distinção dos nomes.

Dos nomes que nos dão nome.

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